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Síndrome de Esgotamento
Autor: Dr. Luiz Fernando de Almeida Lima e Silva | Publicado em 10/02/2021
Burnout Syndrome, traduzido para o português como “Síndrome de Esgotamento”, é uma condição relacionada ao trabalho inicialmente descrita em 1974 por Freudenberg. O conceito se modificou nas últimas décadas, e modernamente a síndrome é descrita como um quadro que resulta da exposição a estresse crônico e associada a demandas de trabalho emocionalmente exigentes, particularmente quando os recursos são insuficientes.
A Síndrome de Esgotamento é particularmente comum em profissionais de saúde, um tema que está em alta pelas exigências da pandemia da COVID-19. A prevalência da síndrome em médicos chega a exceder 50% em alguns estudos, o que é alarmante. O desenvolvimento de burnout tem um efeito negativo não só para o profissional e as pessoas ao seu redor (equipe de trabalho, família), mas também no cuidado dos pacientes.
Figure 1: Consequências da Síndrome de Esgotamento em Profissionais de Saúde ((West, Dyrbye, and Shanafelt 2018)
Sensação de esgotamento ao final do dia são comuns. O profissional pode sentir que não tem mais nada a oferecer aos seus pacientes do ponto de vista emocional, e que está “calejado” e insensível, tratando seus pacientes como objetos, o que é conhecido como despersonalização. É comum o sentimento de ineficiência, de que não está conseguindo cumprir sua função e ajudar os pacientes com os seus problemas, bem como a incapacidade de atribuir valor ao resultado do seu trabalho.
Um aspecto importante é que desenvolver uma síndrome de esgotamento não é igual a simplesmente estar insatisfeito com o trabalho, estressado ou cansado. Como é um fenômeno relacionado ao trabalho, também é diferente de depressão, apesar de haver muitos sintomas em comum, particularmente o sentimento de exaustão emocional.
Muitos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento da Síndrome de Esgotamento em profissionais de saúde, alguns relacionados a estrutura do sistema de saúde, outros ao indivíduo.
Relacionados ao Sistema de Saúde
- Processos de trabalho ineficientes
- Ambiente desorganizado
- Lideranças negativas
- Pouca contribuição interpessoal
- Carga de trabalho excessiva (plantões, finais de semana, intensidade do trabalho)
- Conflitos casa x trabalho
- Perda do apoio de colegas
- Perda do controle e autonomia no trabalho
- Diferente prevalência em diferentes especialidades (menor em medicina social e do trabalho, maior em emergencistas, clínicos gerais e neurologistas)
- Atividades acadêmicas
- Modelo de pagamento (maiores taxas de burnout com pagamento por performance e produtividade)
Relacionadas ao Indivíduo / Profissional
- Mais comum em mulheres (conflitos casa x trabalho)
- Em homens se relaciona mais a carga de trabalho
- Médicos jovens (menos de 55 anos de idade)
- Ter filho
- Características pessoais como personalidade e habilidades interpessoais podem influenciar como o indivíduo lida com o estresse
- Indivíduos que se tornam médicos não parecem ter características predisponentes, o que traz ênfase ao estresse ocupacional
O que fazer para prevenir a Síndrome de Esgotamento?
(traduzido e adaptado de (West, Dyrbye, and Shanafelt 2018)